Como os impostos levaram Breaking Bad e Pluribus para Albuquerque

Quando pensamos em Breaking Bad, logo lembramos do deserto de Novo México, o céu azul característico e todo aquele cenário que virou marca registrada da série. Mas poucos sabem que Walter White quase foi californiano. 

Por mais que muitos considerem hoje Albuquerque uma personagem à parte na série, a escolha pela cidade não foi estética, foi financeira.

O maior drama de TV sobre dinheiro, drogas e crime só existe do jeito que conhecemos porque o criador, Vince Gilligan, estava tentando pagar menos impostos.

O mesmo motivo levou Better Call Saul e Pluribus, suas próximas produções de sucesso, para o estado de Novo México.

O roteiro de Breaking Bad foi pensado para Los Angeles

Quando Gilligan escreveu o piloto de Breaking Bad, ele imaginou quase tudo na região metropolitana no sul da Califórnia. Era o ambiente natural da televisão americana, com estúdios, equipes prontas, logística simples.

Mas antes da ideia sair do papel, o pessoal do estúdio da Sony propôs para Gilligan filmar em Albuquerque, Novo México. O motivo era simples: o estado tem um “agressivo programa de incentivos fiscais para produções audiovisuais”.

Filmar lá significaria fazeruma série com muito mais orçamento, o que resultaria em um aumento de qualidade (os fãs agradecem a escolha!).

Como um bônus, além de manter a fronteira com o México, o céu de Albuquerque é “absolutamente deslumbrante e cinematográfico”, segundo Gilligan.

O criador da série então avaliou a ideia do estúdio como muito boa e explicou: “Então eu mudei o cenário para Albuquerque nunca mais olhei para trás.”

Better Call Saul e Pluribus naturalmente seguiram

Para Better Call Saul, que se passa no mesmo universo, nem mesmo faria sentido gravar em outro local. Mas a elisão fiscal não deixou de ajudar a série e o próprio estado, já que a produção gerou empregos e direcionou mais de US$ 177 mil para programas educacionais na região.

Pluribus, a mais recente série criada por Vince Gilligan e que está fazendo sucesso na Apple TV, conta uma história completamente diferente e cimenta como o diretor realmente gostou de gravar em Albuquerque.

Ele contou que “Pluribus” poderia ter se passado em qualquer cidade americana de médio porte, mas explicou que ter uma equipe de produção já estabelecida em Albuquerque e arredores tornou a decisão ainda mais óbvia.

“Nós temos uma belíssima equipe que pra mim é uma família”, afirmou. “Eu queria continuar trabalhando com eles. Simples assim.”

Filmes e séries de outros criadores também foram levadas para o estado pelo mesmo motivo fiscal.

• No Country for Old Men foi pensado para o Texas, mas o reembolso de 25% dos gastos em impostos no Novo México falou mais alto.
• Transformers deveria ser gravado nas áreas desérticas de Nevada, mas acabaram no deserto do Novo México.
• Os Vingadores, da Marvel, buscavam filmar em vários lugares com incentivos fiscais, incluindo Michigan. Mas o estado reduziu o incentivo e acabou sobrando para Albuquerque, que recebeu a S.H.I.E.L.D. de braços abertos.
• Indiana Jones: por que o maior caçador de tesouros do cinema deixaria uma boa parte do ouro para Califórnia e Arizona se o Novo México cobra menos imposto? Parte das filmagens foram para lá por este motivo.

O fenômeno se repete entre o Brasil e o Paraguai

Curiosamente, o movimento que levou Breaking Bad, Better Call Saul, Pluribus e tantas outras produções para o Novo México não é muito diferente do que está acontecendo com muitos brasileiros que estão migrando suas vidas e/ou empresas para o Paraguai.

A lógica é idêntica: se o governo vizinho cobra menos, é menos burocrático e devolve parte do que você movimenta, por que continuar pagando mais caro para o Brasil?

Assim como as produções audiovisuais analisaram números, compararam cenários e perceberam que Albuquerque oferecia mais margem de sobrevivência criativa, inúmeros brasileiros estão descobrindo que o Paraguai oferece exatamente isso no mundo empresarial.

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O raciocínio é o mesmo que guiou Vince Gilligan: se existe um ecossistema mais vantajoso, faz sentido aproveitar.